terça-feira, 30 de agosto de 2016

OLIMPITACOS V


O que é que a Jamaica tem que nós não temos?
Ok, tem Usain Bolt.
Mas a resposta é bem menos óbvia e bem mais complexa.
As disputas no Atletismo mostram o abismo entre o desempenho da pequena ilha caribenha e o impávido colosso sul americano.
Não é preciso ser um expert para visualizar tão grande desnível.
Das provas eliminatórias às finais há muito mais compatriotas de Bolt do que de Thiago Braz. E mesmo onde figuramos, o papel de coadjuvante nos é muito mais pertinente.
Sou de Humanas, mas não é preciso muito conhecimento matemático para saber que com 200 milhões de habitantes poderíamos ter uma relação cidadão x atleta de ponta muito mais favorável do que os jamaicanos. mas isso não acontece. Nunca aconteceu.
Vivemos de observar cometas. Sabemos de cor seus nomes, afinal são poucos. São Ademares, Joões, Joaquina, Robsons, Maureens e Thiagos ou também Fabianas.
E quando as medalhas surgem, as histórias de superação afloram; cada uma mais bonita que a outra. Relatos emocionantes que nos trazem lágrimas. Lágrimas que acabam embaçando nossa visão do problema
A mídia esportiva, que teria o dever de expor essas mazelas, até o faz de forma terçã, a cada ciclo olímpico, já que no restante do tempo está mais preocupada com o novo penteado de Neymar.
Quem dera nossa carência se restringisse apenas ao Atletismo, mas vai muito, muito além.
Viva a medalha de Thiago Braz, mas não vivamos apenas dela.


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