Alguém escreveu no Facebook que se
durante a manhã, com tantas nuvens e chuva fina, o tempo parecia
triste com o último dia dos Jogos, com o vendaval da tarde, se
mostrava revoltado com a proximidade da cerimônia de encerramento.
Concordo. Tanto com quem escreveu, como
com o tempo.
É duro aceitar que os Jogos terminam
nesse domingo.
Foi tanta a expectativa e, de repente,
tudo já passou.
Mas como foi bom. Bom, não, bom
demais.
Não só as competições, mas viver o
clima olímpico no dia a dia.
Esbarrar com "patrícios"
eslovenos e ganhar bandeirinha da terra do meu avô em pleno metrô.
Dar de cara com integrantes da delegação de Lichtenstein na porta
de casa. Tomar um gim tônica legítimo na British House. Torcer pela
dupla de badminton da Malásia junto com animadíssimos malaios.
Tirar onda de árabe na filial do Qatar. Ajudar francesa na
lanchonete, americano no ônibus e paulistas no trem. Ver Bolt
brilhar no Niltão. Assisitir de perto a dois top ten do tênis
mundial. E me encantar com a precisão quase absurda de Simone Biles.
Isso e muito mais.
Profetas do caos disseram que
passaríamos vergonha. Não tinha qualquer temor quanto a isso. As
instalações ficaram prontas, a rede de transporte (mal e porcamente
também), os organizadores estão carecas de fazer Jogos e,
principalmente, os cariocas sabem garantir uma bela festa.
É assim no Carnaval, é assim nos
Reveillons.
Foi assim no Pan, na JMJ, na Copa...
Gostamos de receber e fazemos isso com
o coração aberto. Pergunte a quem veio de fora, e não só do
exterior.
Para um balneário decadente, como
algumas pessoas insistem em nos classificar (e não tenho como não
ver uma ponta de inveja na definição), creio que demos conta do
recado, que atendemos às expectativas daqueles que vieram aqui não
só pelas competições esportivas, mas para conhecer uma cidade que
vive no imaginário do mundo. E isso não há como negar.
A afirmação está longe de ser
baseada em achismo. Era só passear por Copacabana ou pela nova
"praia" carioca, o Boulevard Olímpico, que reuniu
multidões todos os dias. Pessoas que queriam viver a magia que uma
cidade olímpica oferece ao se transformar, provisoriamente, em
capital do mundo.
Os Jogos não vão mudar o Rio. Os
Jogos não mudam cidade alguma, nem Londres, nem Barcelona, como se
afirma por aí.
É como bem lembrou a matéria do
jornal britânico Daily Mail:
"Os Jogos Olímpicos não curaram
o Rio de Janeiro. Eles não livrararam a Baía de Guanabara de seus
poluentes ou de seu esgoto, não interromperam a violência sangrenta
entre gangues de drogas e a polícia, não erradicaram
engarrafamentos, não ajudaram os milhões de pessoas que vivem em
favelas da cidade a sair da pobreza, não impediram assaltos na praia
de Copacabana e não impediram Ryan Lochte de se comportar de forma
estúpida. Por mais tentador que possa ser atribuir essas
propriedades curativas aos Jogos, a história nos mostra que eles
sempre ficam aquém de milagres econômicos e ambientais que se tenta
atribuir a eles."
O que muda uma cidade, o que ajuda a
diminuir suas mazelas, o que melhora a qualidade de vida de seus
habitantes, o que proporciona que capte mais investimentos, o que faz
com que ela passe a receber mais visitantes, é trabalho sério e
honesto, fora isso, nada vai adiante.
A imprensa estrangeira que tantas
ressalvas tinha em relação a nós reconheceu o prório alarmismo
criado. Não que não tenhamos problemas. Com citado acima, os temos
e muitos, mas tão diferentes do de outros grandes centros urbanos do
mundo. A diferença principal, a meu ver é que em tantas megalópoles
por aí há uma vontade política bem maior de se buscar soluções.
Os jogos mostraram que o Rio é uma
cidade em que as pessoas vivem e não apenas sobrevivem. E que os
cariocas, enfrentando cada um as suas maiores ou menores dificuldades
do dia-a-dia, tentam viver bem. Quem nos dá a chance de nos
mostrarmos, quem se "arrisca" a vir aqui descobre isso,
seja ele suiço, nigerino, finlanês, turcomeno, monegasco ou
paulista.
Hoje, não há carioca por mais crítico
que seja que não esteja feliz. É como aquela satisfação interna
de ver a namorada ser admirada por outros. Ou aquele orgulho de filho
que vê o pai ter sucesso.
Mas amanhã acaba e voltamos à
realidade.
Não! Pera aí! Tem Paralimpíada...
Então, que recomece, logo, a festa!!!!
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