terça-feira, 30 de agosto de 2016

OLIMPITACOS IX




Alguém escreveu no Facebook que se durante a manhã, com tantas nuvens e chuva fina, o tempo parecia triste com o último dia dos Jogos, com o vendaval da tarde, se mostrava revoltado com a proximidade da cerimônia de encerramento.
Concordo. Tanto com quem escreveu, como com o tempo.
É duro aceitar que os Jogos terminam nesse domingo.
Foi tanta a expectativa e, de repente, tudo já passou.
Mas como foi bom. Bom, não, bom demais.
Não só as competições, mas viver o clima olímpico no dia a dia.
Esbarrar com "patrícios" eslovenos e ganhar bandeirinha da terra do meu avô em pleno metrô. Dar de cara com integrantes da delegação de Lichtenstein na porta de casa. Tomar um gim tônica legítimo na British House. Torcer pela dupla de badminton da Malásia junto com animadíssimos malaios. Tirar onda de árabe na filial do Qatar. Ajudar francesa na lanchonete, americano no ônibus e paulistas no trem. Ver Bolt brilhar no Niltão. Assisitir de perto a dois top ten do tênis mundial. E me encantar com a precisão quase absurda de Simone Biles.
Isso e muito mais.
Profetas do caos disseram que passaríamos vergonha. Não tinha qualquer temor quanto a isso. As instalações ficaram prontas, a rede de transporte (mal e porcamente também), os organizadores estão carecas de fazer Jogos e, principalmente, os cariocas sabem garantir uma bela festa.
É assim no Carnaval, é assim nos Reveillons.
Foi assim no Pan, na JMJ, na Copa...
Gostamos de receber e fazemos isso com o coração aberto. Pergunte a quem veio de fora, e não só do exterior.
Para um balneário decadente, como algumas pessoas insistem em nos classificar (e não tenho como não ver uma ponta de inveja na definição), creio que demos conta do recado, que atendemos às expectativas daqueles que vieram aqui não só pelas competições esportivas, mas para conhecer uma cidade que vive no imaginário do mundo. E isso não há como negar.
A afirmação está longe de ser baseada em achismo. Era só passear por Copacabana ou pela nova "praia" carioca, o Boulevard Olímpico, que reuniu multidões todos os dias. Pessoas que queriam viver a magia que uma cidade olímpica oferece ao se transformar, provisoriamente, em capital do mundo.
Os Jogos não vão mudar o Rio. Os Jogos não mudam cidade alguma, nem Londres, nem Barcelona, como se afirma por aí.
É como bem lembrou a matéria do jornal britânico Daily Mail:
"Os Jogos Olímpicos não curaram o Rio de Janeiro. Eles não livrararam a Baía de Guanabara de seus poluentes ou de seu esgoto, não interromperam a violência sangrenta entre gangues de drogas e a polícia, não erradicaram engarrafamentos, não ajudaram os milhões de pessoas que vivem em favelas da cidade a sair da pobreza, não impediram assaltos na praia de Copacabana e não impediram Ryan Lochte de se comportar de forma estúpida. Por mais tentador que possa ser atribuir essas propriedades curativas aos Jogos, a história nos mostra que eles sempre ficam aquém de milagres econômicos e ambientais que se tenta atribuir a eles."
O que muda uma cidade, o que ajuda a diminuir suas mazelas, o que melhora a qualidade de vida de seus habitantes, o que proporciona que capte mais investimentos, o que faz com que ela passe a receber mais visitantes, é trabalho sério e honesto, fora isso, nada vai adiante.
A imprensa estrangeira que tantas ressalvas tinha em relação a nós reconheceu o prório alarmismo criado. Não que não tenhamos problemas. Com citado acima, os temos e muitos, mas tão diferentes do de outros grandes centros urbanos do mundo. A diferença principal, a meu ver é que em tantas megalópoles por aí há uma vontade política bem maior de se buscar soluções.
Os jogos mostraram que o Rio é uma cidade em que as pessoas vivem e não apenas sobrevivem. E que os cariocas, enfrentando cada um as suas maiores ou menores dificuldades do dia-a-dia, tentam viver bem. Quem nos dá a chance de nos mostrarmos, quem se "arrisca" a vir aqui descobre isso, seja ele suiço, nigerino, finlanês, turcomeno, monegasco ou paulista.
Hoje, não há carioca por mais crítico que seja que não esteja feliz. É como aquela satisfação interna de ver a namorada ser admirada por outros. Ou aquele orgulho de filho que vê o pai ter sucesso.
Mas amanhã acaba e voltamos à realidade.
Não! Pera aí! Tem Paralimpíada...

Então, que recomece, logo, a festa!!!!

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