quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dois pesos, duas medidas


Houve um tempo em que se dizia que o que era bom para os EUA era bom para o Brasil. Os anos foram passando e esse mito foi sendo deixado de lado. Mas, quando se fala de noticiário internacional, ainda somos extremamente dependentes do material produzido pelas grandes redes de TV americanas. E o exemplo mais recente disso pode ser percebido durante o avanço da super-tempestade Sandy no hemisfério norte.

Antes de chegar aos Estados Unidos, Sandy atingiu outros dois países e embora o estrago tenha sido enorme, muito pouco se divulgou por aqui. No Haiti, mais de 7 mil famílias foram afetadas, 15 mil casas foram atingidas e a maioria delas destruída. Setenta por cento das plantações foram devastadas (o que é uma calamidade para um país pobre).


Em Cuba, 15 mil residências foram atingidas e mais de 130 mil pessoas foram afetadas. Ao todo 71 pessoas morreram no Caribe.


 
Tudo bem. Sei que a estrutura de Comunicação desses dois países é pífia e que mandar um correspondente para lá seria inviável no esquema de contenção de custo em que vivem nossos jornais e emissoras de rádio e TV. Mas não é possível, simplesmente, ignorarmos os fatos.
A expectativa da chegada da tempestade aos EUA fez com que todo o resto fosse esquecido.

Aliás, acompanhei com bastante atenção a cobertura da mídia brasileira sobre a chegada de Sandy à terra do Tio Sam. E, por incrível que pareça. ela foi muito maior do que a do avanço do Katrina sobre o mesmo país. E por que? Porque Sandy iria visitar Nova York.


Poderíamos explicar que o grande volume da cobertura nos telejornais brasileiros com o fato de que a cidade se transformou no sonho dourado de consumo turístico do povo tupiniquim e que com tantos brasileiros por lá, havia mesmo que se fazer um grande esforço jornalístico. Mas será que foi isso mesmo?

A abertura do Jornal Hoje no dia seguinte à chegada de Sandy à costa americana, com um longo clipe de imagens ao som de uma música dramática me pareceu algo bastante sensacionalista. Acima do tom.

O noticiário em alguns momentos me pareceu mais próximo de um NYTV, com um detalhamento local que muito pouco interesse poderia gerar para o público brasileiro.

http://g1.globo.com/jornal-hoje/videos/t/edicoes/v/tempestade-sandy-deixa-eua-em-estado-de-calamidade-publica/2216196/

Depois de tantos filmes de catástrofe, em que Nova York foi dizimada, pareceu-me que havia uma grande expectativa por algo parecido. Mas, Sandy passou, provocou estragos, é claro, mas a cidade que nunca dorme já está entrando no ritmo novamente. Se Godzila, ETs, meteoros não conseguiram destruí-la, não seria Sandy a responsável por tal feito.

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