quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Criatividade ou mau gosto?

Em menos de uma semana, duas capas de revistas geraram polêmica. Mas será que é pra tanto?
A primeira foi a Revista O Globo de domingo, dia 23 de setembro. A capa estampa a tela do pintor francês Gustave Courbet "A origem do mundo" (L’Origine du Monde, 1866) . O problema é que o quadro retrata uma vagina cabeluda, em big close.
O motivo da capa foi o fato de que a transmissão pela internet de uma palestra na Academia Brasileira de Letras, na qual a tele era mostrada, foi retirada do ar, gerando protestos. A ABL alegou que como o site era aberto, a exposição de imagens ligadas ao sexo poderia criar problemas para o site da casa dos Imortais.
Confesso que ao abrir o jornal de domingo tomei um susto.  Não é o tipo de imagem que se espera numa capa de revista (nem mesmo em revistas masculinas).



Com toda certeza a reprodução da pintura está dentro do contexto, mas fico imaginando a reação de alguns segmentos do público, como por exemplo os mais idosos. Ou então aqueles moleques que estão na fase de perguntar tudo, chegando pra mãe e indagando, inocentemente, o que era aquela coisa peluda ali.
Quando eu era moleque ver coisas assim, só em revistinha sueca ou em catecismos do Carlos Zéfiro.
Em defesa da revista está o fato de que o quadro está exposto no Musée D´Orsay, em Paris e é visto, inclusive, por hordas de crianças que passam diariamente por lá.



A intenção do editor ficou clara. Já que a matéria era sobre a "perseguida", a melhor maneira de chamar a atenção foi estampar a tela de Courbet, para ser consumida junto com o desjejum dominical. Um risco calculado.

A outra capa polêmica é a da revista Placar, que estampa uma fotomontagem do craque santista Neymar crucificado tal e qual Jesus Cristo. Uma referência às constantes críticas recebidas pelo atacante, mesmo ele sendo o jogador brasileiro mais habilidoso surgido nos últimos tempos.



Aqui a grita partiu de setores religiosos que acharam ofensiva a utilização de um símbolo cristão fora de seu contexto original.
A revista divulgou uma nota se defendendo:
 "Uma expressão corriqueira que se usa quando alguém está sendo vítima de algo é dizer que ela está sendo 'crucificada'. A primeira palavra que nos veio à mente foi crucificação. A diferença que tem que ser ressaltada é que tomamos essa expressão como método de execução pública dos tempos antigos. A metáfora é com o método. Não há nenhuma intenção de se fazer uma alusão religiosa".

Fugir do padrão dá nisso. Não há como não criar polêmica. Agora só nos resta avaliar se a crítica é justificada ou se há muito barulho por nada.
O julgamento cabe ao distinto público leitor.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O primeiro Fusca a gente nunca esquece

Circulando pela Internet vi que a Volkswagen está lançando um novo modelo de Fusca e resgatando o nome, já que de uns tempos para cá ele tinha se americanizado e virado Beetle. O novo fusca, é verdade, está muito mais para Beetle do que para o velho Fusquinha.




O preço sugerido não foi ainda divulgado, mas com certeza estará bem longe do valor necessário para a aquisição de um carro popular. Com motor 2.0 e o requinte de seu acabamento, só mesmo a "casca" lembra o carrinho que durante muitos anos inundou as ruas de nossas cidades e que conquistou o coração dos brasileiros.

Muita gente aprendeu a dirigir em um Fusquinha, Fusca ou Fuscão. É o meu caso. Meu primeiro carro foi um Fusca branco que tinha até nome: OTO. O batismo veio de sua placa, OT 0649. O carro na verdade era da Fernanda. Só fui tirar carteira com 32 anos de idade.
Outro Fusca com nome que me lembro era o Frederico. Azul celeste, levava a amiga Kiki para cima e para baixo. Uma vez resolvemos ir para São José do Barreiro nele. Na Dutra, quando o bichinho passava dos 80 começava a chacoalhar tdodo. Mas, em compensação, quando precisou subir a estrada para o Parque Nacional da Bocaina, uma pirambeira, muitas vezes em leito de pedra, o fez com galhardia, superando muitos carros mais novos.

Entra ano, sai ano, e o Fusquinha mantém seu charme. Agora a moda é adotar um visual bicolor, num estilo mais retrô.

A paixão por eles faz com que continuem circulando por aí, apesar de todos os estímulo marketeiros, políticos e econômicos para que adquiramos carros novos.

Paixão que leva meu amigo André Sztajn a colecionar fotos dos mais diversos modelos espalhado por aí. E a criatividade do pessoal é mesmo impressionante.





O jovem Domnik, filho de minha amiga Stefanie, alemão de nascença e brasileiro de coração, quando esteve por aqui, se espantou com a quantidade de Fuscas ainda em atividade. E para minha surpresa disse que adoraria ter um.
Ou seja, o charme desse carrinho que já circula há mais de 7 décadas continua intacto.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Magrelas que dão o maior pedal

Sou fã do Bike Rio, o projeto que oferece aquelas bicicletas laranjas, patrocinadas pelo Itaú e espalhadas por parte da cidade. O custo é baixo e ainda por cima tem outras vantagens, quando usadas como meio de transporte e não apenas como atividade de lazer:
- Menos carros nas ruas
- Menos poluentes despejados no ar
- Incentivam a prática de exercícios


O problema é que para usá-las dessa forma seriam necessárias melhores ciclovias, embora, segundo a Prefeitura, o Rio tenha uma das maiores malhas cicloviárias do mundo (270 km).


Na teoria pode até ser, mas são vários os trechos em que a ciclovia não passa de uma faixa pintada no chão  ou em calçadas, com diversos obstáculos como postes, orelhões ou carros estacionados.



Além disso moramos em uma cidade em que faz um calor danado e poucas são as empresas que oferecem locais para que as pessoas possam tomar um banho antes de começar a trabalhar.

É claro que nada disso inviabiliza o projeto.
Mas, também nele, há falhas. A parceria entre a prefeitura e a concessionária Serttel não contempla diversas regiões da cidade como Grande Tijuca, Centro e Méier.



E na Zona Sul, algums estações que aparecem marcadas no mapa do projeto, simplemente não existem (como a do Cosme Velho, em frente à minha casa). Atualmente são 580 bicicletas distribuídas em 58 pontos, mas nos finais de semana a oferta é bem menor do que a procura. E pra piorar, a manutenção vem deixando a desejar. Não é difícil encontrar bicicletas com pneus arriados ou com problemas na corrente ou no assento.

Li que a Prefeitura vai fazer uma nova licitação no final do ano e que a concorrência promete ser grande. Se for isso mesmo, não seria o caso de manter a concessionária atual e ampliar o serviço com outras empresas interessadas, obrigando que houvesse uma central de atendimento unificada?

A Prefeitura tem apenas que ditar as regras e deixar que a iniciaitiva privada ofereça o serviço por um preço acessível e com uma boa conservação. Não se pode perder a oportunidade de ampliar uma inciativa como essa, que caiu no gosto do carioca.

Vida longa às magrelas, seja com qual patrocínio for.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Listando emoções

Quem acompanha esse blog já sabe que sou apaixonado por música, principalmente pela Música Popular Brasileira. Isso não quer dizer, de jeito maneira, que não aprecie outros ritmos. Do rock pesado ao clássico curto um pouco de tudo. Costumo dizer que só não me descem o funk analfabeto e os grupelhos de sambalanço, que alguns têm a ousadia de classificar como pagode.


Não vivo sem música. Se não estou ouvindo, estou cantando ou assoviando. No carro CDs são obrigatórios e agora também há as rádios online que me permitem ouvir música enquanto estou no computador, como nesse exato momento. Descobri duas ótimas que só tocam clássicos da MPB:

Rádio Máquina do Tempo - http://www.radiomaquinadotempo.com
Rádio UFPR (Universidade Federal do Paraná ) - http://www.radio.ufpr.br

Hoje estava ouvindo o CD Tom & Elis, um dos discos mais clássicos da nossa música. O filé mignon das composições de Jobim com o molho saborosíssimo da voz de Elis Regina. Foi quando me lembrei de uma matéria que li recentemente no jornal O Globo. Falava sobre um livro intitulado “1.001 músicas para ouvir antes de morrer” e no qual estão incluídas 7 canções brasileiras.



Não vale aqui uma análise sobre a justiça do julgamento, até porque este tipo de lista (ou de qualquer outra) é  subjetiva e totalmente variável de acordo com os nomes designados para a escolha. E além disso, se trata de um produto que visa ser um best-seller e quanto maior for a lista de países representados, melhor para as vendas.

Na matéria ( http://oglobo.globo.com/cultura/a-mpb-de-la-a-mpb-de-ca-6097352 ), alguns especialistas fora convocados para escolher as sete mais belas músicas brasileiras. Uma tarefa inglória.

Eu cheguei a pensar em tentar , mas desisti nos primeiros minutos. Tenho certeza de que, por melhor que fosse a minha lista, eu estaria deixando para trás pelo menos umas 50 músicas que adoro, fora as tantas outras que me esqueceria de citar . Ou seja, uma injustiça total.

Pensei, então em listar os 10 melhores discos, mas como não tenho conhecimento musical suficiente para esta avaliação, optei por escolher os 10 discos que mais me marcaram. Mas, a lista acabou crescendo e, inspirado pelos velhos LPs resolvi fazer duas listas, uma pro lado A e outra para o lado B.

Vocês poderão perceber que a maioria deles se concentra em fins dos anos 1970 e início dos 1980 e a explicação é simples: foi a época em que a MPB explodiu em criatividade após os anos de Ditadura, foi a época em que eu comecei a abrir meus ouvidos para mais e mais experiências sonoras e também a época em que mais discos comprei. Não que depois disso nenhum outro disco (leia-se CD) tenha me tocado, mas com toda certeza esses velhos LPs giraram tanto em minha vitrola que não sei como resistiram.

Da lista abaixo, portanto, não constarão discos clássicos que talvez sejam bem melhores do que os que escolhi, mas, como disse, o levantamento é muito mais emocional do que racional.

LADO A

Pirão de peixe com pimenta – Sá e Guarabyra
Boca Livre (1979) – Boca Livre
Mania de você – Rita Lee
Estação da Luz – Alceu Valença
Clube da Esquina – Milton Nascimento e Lô Borges
Chico Buarque – 1978
Grande Circo Místico – Chico Buarque e Edu Lobo
Oswaldo Montenegro - 1980
De outra maneira - Geraldo Azevedo
Velô – Caetano Veloso

LADO B

Guilherme Arantes – 1976
Galos de Briga – João Bosco
Kleiton e Kledir – 1980
Anjo Vadio – Olívia Byington
Luar – Gil
Passarim – Tom Jobim
A Noite – Ivan Lins
De volta ao começo – Gonzaguinha
Beleza – Fagner
O tempo não para (ao vivo) – Cazuza

Nem acabei este post e já me recordo de outros discos que deveriam estar incluídos aqui.
Que tal você também fazer a sua?
Garanto que ela irá lhe proporcionar ótimas lembranças.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tatudomundolouco

Faltam dois anos para a Copa do Mundo e um ano para a Copa das Confederações. Os estádios mal ou bem vão subindo e, com toda certeza, ficarão prontos (qualquer obra fica pronta quando se injetam alguns milhões de reais nela). Se alguns serão “elefantes brancos” após a competição não importa para os organizadores. E quem reclama é acusado de marcar um gol contra.


Os caras devem estar com a razão. Imaginem o espetacular clássico amazonense entre Nacional e Fast Club no novo estádio de Manaus.


Ou então, uma eletrizante partida entre Luverdense e Mixto na bela e ecológica Arena Multiuso do Pantanal.

Com críticas ou não, a Copa vai acontecer e dará muitos lucros, nem que seja apenas para a FIFA. Aliás, essa bilionária senhora suíça que gere o futebol mundial dá as cartas e dita as regras do jogo de acordo com seu bel prazer.
Acabamos de saber que a bola do Mundial terá o nome de Brazuca (com z, como BRAZIL). Uma escolha “democrática” dos brasileiros, que também podiam ter optado por Bossa Nova ou Carnavalesca.
Mas nada supera as opções para o nome do simpático mascote, um tatu-bola, que além de ser um animal da nossa fauna, tem a característica de parecer uma bola quando se esconde dentro de sua carapaça.


As justificativas para cada um dos nomes são de tirar o chapéu. Haja criatividade.

AMIJUBI
É a união das palavras "amizade" e "júbilo", duas características marcantes da personalidade do nosso mascote e que refletem a maneira de ser dos brasileiros. Além disso, esse nome tão original está ligado ao tupi guarani, em que a palavra "juba" quer dizer amarelo – a cor predominante no mascote!

FULECO
É a mistura das palavras "futebol" e "ecologia", dois componentes fundamentais da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O nome do nosso mascote mostra como essas duas palavras combinam perfeitamente e ainda incentivam as pessoas a ter mais cuidado com o meio ambiente.

ZUZECO
Foi formado dos elementos principais de "azul" e "ecologia". Azul é a cor dos mares da maravilhosa costa brasileira, dos rios que cruzam o país e do nosso lindo céu. E é também, claro, a cor da carapaça especial do mascote. Ele sabe que pertence a uma espécie vulnerável e por isso, também sabe o quanto é importante divulgar e incentivar a conscientização ecológica entre seus amigos do mundo inteiro.

Os chargistas brasileiros, sempre atentos, e com uma pena ferina, não perderam a oportunidade de tirar um sarro. Afinal, parece mesmo que a piada já veio pronta.

Casso - Diário do Pará


Zé Dassilva - Diário Catarinense

Agora é esperar a contagem regressiva para vermos nossa Seleção tentar o hexa (se o Mano deixar) em nossas terras. Pela TV, é claro, pois os ingressos serão exorbitantes. Talvez dê para assistir uma ou outra partida com ingressos mais baratos. T´tica adotada para que os estádios não fiquem lotados de espaços vazios. Quem sabe, ver uma peladinha entre Austrália e Irlanda ou Equador e Camarões...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Tropicália Maravilha

Uma Ditadura tem como uma de suas metas calar as vozes descontentes, seja por censura, seja por exílio, seja por tortura.
Quando o golpe militar de 1964 estourou o Brasil da Bossa Nova descambou. Não dava mais para ficar apenas contemplando o barquinho ou o Corcovado (embora sempre houvesse tempo para admirar uma garota de Ipanema). A inocência dos anos JK estava perdida e a música brasileira dava mostras disso. A mocinha da Zona Sul, tão bem representada por Nara Leão, agora cantava, com os negros Zé Keti e João do Vale, músicas de forte cunho social no espetáculo Opinião.



Nos Festivais, canções de protesto pululavam através de compositores como Sidney Miller e Geraldo Vandré. Caminhando e cantando íamos seguindo a canção.
Vivíamos os anos 60 e o som das guitarras do rock, principalmente através dos Beatles, também sacudia a MPB. A Jovem Guarda nada tinha de revolucionária, pelo menos ideologicamente falando, mas fazia a garotada cair na dança.


A reação ao “americanismo” daquele pessoal que achava que tudo era “uma brasa, mora”, foi imediato e foi organizada até uma passeata contra a guitarra eleétrica. Dá pra imaginar isso nos dias de hoje?

Enquanto Marx e o Tio Sam brigavam nos palcos, uma dupla de baianos resolveu misturar o protesto, a guitarra, o forró, o rock, Carmen Miranda, o Superman, a cachaça, a Coca-Cola e muito mais em um grande liquidificador musical que ganhou o nome de Tropicalismo.

                       
Caetano Veloso e Gilberto Gil, mentores desse movimento musical, que na verdade tinha sua ideologia espalhada por outras artes como o teatro, o cinema e as artes plásticas, são as figuras principais do filme “Tropicália”, de Marcelo Machado.

FILME - Tropicália

Em 72 minutos é possível viajar por este período da nossa música e perceber o quanto os dois baianos estavam à frente de seu tempo. O Tropicalismo é, nada mais, nada menos, do que a inserção do Brasil na arte pop mundial, na globalização artística que o avanço das telecomunicações começava a criar naquele período.


Há depoimentos de figuras marcantes do movimento, embora, na minha opinião, pudesse haver mais trechos dos entrevistados. Este, talvez seja o maior pecado do filme que, no entanto, traz uma brilhante pesquisa de imagens de arquivo coletadas aqui e em Portugal, na França e na Inglaterra, país onde Gil e Caetano viveram seu exílio. Uma arqueologia musical de primeira qualidade.

Nossa música é uma de nossas maiores riquezas e filmes como este ajudam a manter viva a nossa memória cultural. Não deixe de assistir.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Os dois lados da moeda

A morte nunca é um bom assunto. Ainda mais quando se mostra perto de nós.
Nessa semana perdi um amigo.
Amigo de tempos atrás, com quem não tinha quase mais contato, mas um amigo querido.
Armindo tinha mais ou menos a minha idade, convivemos bastante nos tempos da faculdade.
Quando decidimos nos meter com o Movimento Estudantil, ele e Marcelo Fetterman (outro grande amigo que se foi cedo) deram o tom anárquico que precisávamos para não corrermos o risco de cair na mesmice ideológica do início dos anos 1980. Era deles uma seção do mural do décimo andar da Uerj intitulada ASSACANAGE (Assessoria de Arte do C.A. Age). E se alguém dissesse que havia um "N" sobrando, a resposta era imediata. O "N" é que era a sacanagem. Um dos destaques era a "Seção Privada", uma tampa de vaso sanitário que abrigava alvos das críticas dos estudantes.
Mas se disse que estávamos afastados há muitos anos, por que afirmo que sua morte me foi tão próxima?
Pelo simples fato de sermos da mesma geração. Uma geração que ainda não convive com o temor constante de tão indesejável destino.
Quando se recebe uma notícia como essa, além da tristeza, nos vem a preocupação e muitas vezes o sentimento de culpa de não estarmos nos cuidando como deveríamos.
Com este post, contudo, não pretendo fazer um mea-culpa, nem tão pouco me lamentar sobre falta de tempo ou de vergonha na cara.
Resolvi abordar o tema porque no dia seguinte, um outro amigo, o catarinense Paulinho Criciúma (que nunca conheceu Armindo), me enviou o vídeo da apresentação do cineasta americano Louie Schwartzberg no ciclo de palestras TED, na Califórnia, ano passado. Uma apresentação que tem como ponto chave uma simples questão: a maravilha de estar vivo e perceber o quão valioso é esse presente.
Não se trata de lição de moral ou de conteúdo religioso voltado a esse ou aquele credo.



É apenas um lembrete de que apesar de toda a nossa correria diária, de todos os pepinos que temos que resolver, de todas as dificuldades que possam surgir, vale a pena viver e que basta abrirmos os olhos para constatar isso.

http://www.youtube.com/watch?v=zqCT2aP4pSM

Quem gostou das imagens e quiser ver mais um pouquinho da obra de Louie Schartzberg, sugiro o vídeo abaixo, intitulado Wings of Life..

http://www.youtube.com/watch?v=MQiszdkOwuU

Vai em paz, Armindo. A gente se vê.
Mas, espero que seja daqui a muitos e muitos anos.

domingo, 2 de setembro de 2012

Saudade e presença

Duas exposições vizinhas mostram o talento de duas das estrelas maiores da Música Popular Brasileira. Uma saudosa, outra presente.


No Centro Cultural dos Correios, artistas plásticos homenageiam os 70 anos de Gilberto Gil. São diversas obras e instalações, umas mais compreensíveis do que as outras (mas quem disse que arte precisa ser entendida?), sobre as músicas do baiano. A que mais gostei foi a da música "Oriente", baseada no verso:

"Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece"

A mostra também traz uma linha do tempo biográfica e musicográfica de Gil.
Por falar em música, várias podem ser ouvidas nos totens espalhados pelo local.


A outra mostra, que me agradou mais é em homenagem a Elis Regina e pode ser vista no 1º andar do Centro Cultural Banco do Brasil.
Grandes painéis contam a vida da "Pimentinha", desde seus tempos no Rio Grande do Sul, passando por sua vinda para o Rio de Janeiro e o estouro de sua carreira.


É possível ver diversos vídeos dos programas que ela fez na TV e escutar toda sua discografia.
Mas o que chama mais a atenção é um vídeo que reúne algumas das mais emocionantes interpretações de Elis. É de ficar arrepiado. Acho que nenhuma cantora se entregou às canções como ela. No final, o texto que está no disco "Trem Azul" e que simboliza Elis como nenhum outro.


"Agora o braço não é mais o braço
erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço,
um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim:
desenhos de luz, agrupamentos de pontos,
de partículas, um quadro de impulsos,
um processamento de sinais.
E assim - dizem - recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura de carne,
escorrem todo o sangue, afinam os ossos
em fios luminosos e aí estou
pelo salão, pelas casas, pelas cidades,
parecida comigo.
Um rascunho,
uma forma nebulosa feita de luz e sombra
como uma estrela.
Agora eu sou uma estrela."