segunda-feira, 21 de março de 2011

Parece que foi ontem


Caros e queridos amigos da turma “Quem é que Aguenta”.


Uma das coisas curiosas da vida (e olha que são muitas...) é o fato de que com o correr dos anos, a contagem do tempo vai ganhando uma dimensão bem diferente da que tínhamos quando éramos jovens.

Estou me aproximando dos 50 anos e, com isso, minhas referências e memórias parecem cada vez mais longínquas. Aquele show que fui ver há 10 anos; aquela viagem que fiz há duas décadas; aquela festa que fui, 25 anos atrás.

Quando faço essas citações para os meus alunos, todos ainda cheirando a fralda, devo parecer, pare eles, um ancião. Mas, nem de longe me sinto assim. Na verdade, tudo me parece muito próximo.
As lembranças ainda estão vivas e as emoções ainda mexem comigo.

Nesta lista de lembranças longevas, está a de nossa chegada à Uerj.

São 30 anos (se deram conta disso?) desde que passamos a frequentar aquele gigante de concreto e suas rampas.

Ali começou um relacionamento que vale muito mais do que qualquer diploma.
O que aprendemos com nós mesmos, pessoas de origens, de idades, de ideias, de credos, de comportamentos tão diferentes, ficou para sempre.

Não tenho a menor dúvida de que foi um encontro especial. É só lembrar o enorme número de pessoas que foram se agregando ao grupo: parentes, amigos, amigos dos amigos (nada a ver com a facção criminosa, rs). Gente que está por perto até hoje.

A maior prova do valor da turma “Quem é que Aguenta” está no fato de que o que era para ser um convívio de quatro anos se estendeu muito, mas muito além.

Eu tenho o maior orgulho de dizer que a maioria de nós ainda mantém contato, ainda que esporádicos (a vida trata de nos aproximar e nos distanciar). E mais orgulho ainda de ver o sentimento de carinho explícito quando nos revemos.

Nossos encontros, nem de longe, ficam restritos a abraços burocráticos ou beijinhos protocolares. Parece mesmo que nos vimos outro dia e que apenas estamos dando sequência a conversas interrompidas há pouco. E isso não é algo banal.

Otempo fez com que mudássemos, evoluíssemos, mas o sentimento ficou.

Éramos nós. Depois, nós e os filhos. Agora, nós, filhos e netos.

E aqui estamos, trinta anos depois.

Fico muito feliz de poder, depois de tanto tempo, escrever essas linhas. Principalmente porque sei que quando vocês as lerem, saberão que cada palavra foi redigida com emoção; emoção que sei que é recíproca.

Sei que nossas agendas são complicadas e que estamos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, mas seria muito bom se conseguíssemos nos encontrar em 2011. Afinal, quem é que aguenta completar 3 décadas de convivência sem uma festa.

Um beijo enorme em todos vocês e em todos os que, de alguma forma, fazem parte desta grande amizade.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pior do que tá, dá pra ficar...

Alguns posts atrás, critiquei a nova camisa da Seleção Brasileira, que agora conta com uma tarja verde na frente. De perto desobri que a tal faixa é tipo uma entrada de ar, pois é toda furadinha, assim como as laterais.
Pensei, com minha limitada imaginação, que seria impossível termos um uniforme mais feio, mas a Nike se superou. Veja as camisas pretas que serão comercializadas pela gigante do material esportivo.




A notícia do lançamento da nova camisa deixa claro que ela não será usada em jogos oficiais ou amistosos. Ainda bem... Essa camisa não deveria ser usada nem nas partidas em que a Seleção jogasse de luto.
Segundo o Bernardo, estagiário do Observatório da Imprensa, é o estilo BOPE ganhando o mundo.
Depois do Sambódromo, com a bateria do Salgueiro, agora é a vez dos gramados.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Excesso de vírgulas??? Uma vírgula!



Sofro de "virgulite".
Não há como negar.
Quem, aqui, lê meus textos, sabe disso.
Adoro vírgulas. Elas são as pausas que fazem meu texto ficar mais falado, mais proseado.
Por isso mesmo, achei sensacional o texto que a ABI, Associação Brasileira de Imprensa, está fazendo por conta de seu centenário (da ABI, não da vírgula...rs).
Uma verdadeira ode à vírgula, essa injustiçada.

"Vírgula pode ser uma pausa... ou não.

Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis...
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua
informação."


domingo, 13 de março de 2011

História é para ser lembrada, não esquecida...


Neste domingo (13 de março), saiu na coluna de Joaquim Ferreira dos Santos, no O Gloobo, uma notinha dizendo que o jornal Rua Judaica, em sua mais recente edição estava denunciando a venda de moedas nazistas no site Mercado Livre.
Fui até o site do jornal e vi que o fato foi destacado na coluna Denúncias do Leitor.




Fiquei me questionando... Onde está o crime a ser denunciado? Para colecionadores, essas moedas tem valor histórico e a compra delas não pode ser vista como qualquer tipo de apologia ao Nazismo. Elas são parte da história do mundo, marcas de um período de horror vivido pela humanidade, mas nem por isso devem desaparecer.



Elas são peças que nos lembram tudo o que aconteceu. E são necessárias para que não esqueçamos jamais que isso não pode voltar a ocorrer. Essas moedas nos mostram a que ponto uma ideologia pode chegar na vida de pessoas comuns.
Fosse assim deveríamos incinerar notas, também. Não foram poucos os ditadores que estamparam seus rostos no dinheiro de seu país, como Idi Amin Dada, em Uganda.



E ainda hoje, com Kadafi, na Líbia.



Nesta lista de incinerações, também deveríamos incluir os selos, pois muitos deles, não só da Alemanha, estampavam imagens de ditadores estrangeiros como Salazar, ou Franco.





Ou mesmo os daqui, como este com Médici.



Há dois anos, quando produzíamos uma série sobre os 70 anos do início da Segunda Grande Guerra, para o Observatório da Imprensa, visitamos a Fazenda Cruzeiro do Sul, às margens do rio Paranapanema, no interior de São Paulo. Para lá, uma rica família carioca, seguidora dos princípios do Integralismo e, por consequência, do Nazismo, levava meninos de um orfanato e os obrigava a trabalhar em regime semi-escravo, sempre vestindo as camisas verdes e a braçadeira integralista.



Na fazenda, o gado era marcado com a suástica, uma bandeira da Alemanha Nazista tremulava em um mastro e, como os atuais proprietários vieram a descobrir depois, todas as construções foram erguidas com tijolos que continham a cruz suástica.



Trouxe um desses tijolos aqui para casa, para mostrar aos meus amigos e à minha filha, principalmente. O fato curioso dessa história foi ter que explicar para a aoperadora do aparelho de raio-x do Aeroporto de Congonhas, por que cargas d´água eu estava embarcando com um tijolo na bolsa de mão.
O tijolo continua aqui, porque História é para ser contada, não para ser esquecida.
Não se varre sujeira para debaixo do tapete.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Hoje tem marmelada???? Tem sim senhor!!!!

Como já disse aqui. Gosto dos desfiles das Escolas de Samba.
Admiro o trabalho dos carnavalescos que conseguem traduzir, em alegorias e fantasias, enredos nem sempre fáceis e que, com isso, fazem com que, quem está nas arquibancadas, entenda o que se passa no desfile.
Sim, poeque quem assiste em casa tem a explicação dos locutores da transmissão. Já quem está lá não recebe um libreto dessa "ópera momesca", e só consegue traduzir bem o desfile se o carnavalesco assim o permitir.
Um craque neste trabalho, no meu entender é Renato Lage, atualmente no Salgueiro, que mantém essa linha de trabalho por todas as escolas que passa.



Quem olha seus desfiles entende perfeitamente o que cada ala significa no enredo. Além, é claro, de produzir os mais belos carros alegóricos do Carnaval carioca (na minha opinião, é claro).



Na Tijuca, Paulo Barros mostrou mais uma vez que criou um estilo e que já tem seu nome marcado na história da Sapucaí. Seus carros são feitos para divertir o público, para surpreender. E isso ele faz como ninguém.





As comissões de frente do ano passado e deste ano são a maior prova do talento do carnavalesco.



Surpresa boa foi a Ilha. Tivesse desfilado valendo nota, certamente estaria desfilando no sábado das campeãs. O trabalho do carnavalesco Alex de Souza mostra que tem gente boa chegando.






O grande atrativo do Desfile está nisso; nas inovações, no risco do novo, como o balão da Porto da Pedra.




Ou então a paradona da bateria da Mangueira.



Mas o eficiente corpo de jurados não acredita muito nisso. Na verdade nem acompanho mais a apuração, pois não vale a pena. Os critérios são estapafúrdios. Se é que há critérios. Alguns estão ali para, todos os anos darem uma nota mais baixa para as escolas menores, tirarem alguns décimos das médias e dar 10 para as favoritas.
E a mesmice é premiada, ano a ano.
Daí a bateria da Verde e Rosa, Estandarte de Ouro, perder pontos.
A situação foi tão esdrúxula que, depois de uma sequência de notas baixas, Ivo Meireles comandou a retirada dos mangueirenses da apuração.
Ele está certo? Não sei.
Mas sei que não dá pra aturar que as notas de alegorias do Salgueiro sejam menores do que as dos feios carros da Beija Flor.



Colocar fotos estampadas nas alegorias é coisa dos tempos da Presidente Vargas. Nem no grupo B ainda faria sucesso. Mas elas estavam lá espalhadas pela escola de Nilópolis.





Os carros eram poluídos visualmente, mas quem ia tirar o título do Rei?


Vou continuar assistindo aos desfiles, pois há muita coisa boa para ver. Mas também continuarei deixando de assistir à leitura das notas. Nada que saia dali vale a pena ser levado em conta.

Uma última pergunta: o que é que o Oswaldo Montenegro estava fazendo atrás do Roberto Carlos naquele "indescritível" carro final?????



terça-feira, 8 de março de 2011

Aos filhos de Peixes


Não sou de ler horóscopo. Fiz um mapa astral há muito tempo atrás, que por coincidência ou não, dizia que poderia me enveredar pelo Jornalismo. Nunca fui a uma cartomante, nunca deixei aquelas ciganas pegarem minha mão para ler.
Não é que ache isso tudo charlatanice. Longe disso, sei que há gente séria que estuda todo este tipo de coisa.
É que não tenho ganas de saber o futuro. Como diz aquele samba, "O meu futuro será como Deus quiser".
Porém, no último domingo, li na Revista do Globo, um artigo da astróloga Claudia Lisboa, intitulado "Confissões de uma Pisciana". E, no texto, encontrei tantas referências sobre minha personalidade, que resolvi publicar um trecho aqui 




Se tudo o que foi dito aí em cima tem a influênccia dos astros, então que eu continue a ser um pisciano típico, pois é justamente assim que eu aprendi e gosto de ser.

De costas pro crime

Gosto de assistir aos desfiles das Escolas de Samba. Ao vivo é bem melhor, verdade. Mas na maioria das vezes, quando lá não estava trabalhando ou acompanhando minha mãe nos tempos em que era jurada, assisti pela TV.
Ou seja, são muitos anos acompanhando a evolução (?) da transmissão dos desfiles.
Ano passado já achei ruim quando colocaram os locutores no início da Sapucaí, o que tira deles uma visão geral do que acontece na avenida, cabendo ao Luiz Roberto e à Glenda comentar apenas o que se passa no monitor.



Os mais radicais podem até dizer que eles só devem narrar o que o telespectador está vendo, mas acredito que, além de entretenimento, o desfile é um evento jornalístico e, como tal, merece um olhar diferenciado.
Este ano, talvez para solucionar este problema, foram colocados dois repórteres na pista, com a possibilidade de entrarem ao vivo no meio do desfile. O que não era permitido nos tempos do "pool" entre Globo e Manchete.
Mas, para compensar a melhoria, colocaram os comentaristas no tal estúdio Globeleza, de costas para a Passarela do Samba e em seu pior lugar, na Praça da Apoteose, onde só se vê a dispersão das Escolas.



Ou seja, os comentaristas, que deveriam acrescentar à transmissão, os detalhes que observassem, acabam assistindo ao mesmo desfile que nós, em casa.
Na minha humilde opinião de telespectador, algo totalmente sem sentido.
Não vou bem falar dos comentaristas escolhidos, pois gosto não se discute. Mas, ficar de costas para a notícia, em prol da estética, isso pode se discutir, sim. E muito... 



O melhor remédio para isso é a concorrência, mas faz tempo que essa disputa não é mais vista na Sapucaí.

Quem é você?

A velha canção de Chico Buarque "A Noite dos Mascarados" começava assim:

"- Quem é você?
- Adivinha se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim"

Há muito tempo, no carnaval carioca, não se via tantos mascarados pela cidade. Nos blocos de rua, a tradição das fantasias ganha cada vez mais força. Das mais simples às mais sofisticadas, das mais banais às mais criativas, vê-se de tudo por aí.
Perdeu-se o pudor de andar fantasiado pela cidade nos quatro dias de Carnaval. No ônibus em que eu fui ao Cordão do Boitatá, no domingo, quase 80% dos passageiros estavam fantasiados.
Aliás, o Boitatá há muito tempo deixou de ser um bloco para se transformar em um baile a fantasia. Um espetáculo ao ar livre.
Se tivesse que indicar um único bloco, a qualquer pessoa que viesse ao Rio para a folia, este bloco seria o Boitatá. Pois foi graças ao Cordão que o espírito dos velhos carnavais da avenida Central, atual Rio Branco, reincorporou na Praça XV.
Veja as fotos abaixo e diga se não estou certo.

As fantasias podem ser individuais e super-elaboradas como a deste enjaulado.

Mas, às vezes uma peruca e um pedaço de papelão já bastam para ser um astro do Rock.

O inusitado também vale. Vejam que lindo este arranjo de cabeça da loira sorridente.

E se exagerar na dose, tam sempre um ENGOV por perto pra ajudar.

Tá legais quanto as fantasias individuais, são as de grupos, como esta convenção ecumênica acima.

Ou este defile de "beldades" que incluía as misses Ponta Grossa e Pau Grande.

Em tempos de Cisne Negro, essas "bailarinas" optaram pelo modelito tradicional.

Super-produção mesmo foi a deste grupo, que encarnou os personagens do filme
"Alice no País das Maravilhas".

Os casais fantasiados também eram muitos.

Assim como as famílias. Esta daí era a mais legal. O pai estava de lobo, a mãe com a cesta de doces e a filha, de Chapeuzinho Vermelho, distribuindo guloseimas para todos. O melhor, no entanto era a inscrição na roupa da menininha: "Eu amo o Lobo Mau".

Enquanto minha filha topar ir a blocos comigo (o que não deve durar muito tempo) pretendo manter essa tradição de sairmos fantasiados. Se possível a família toda. Esta foto aí de baixo tiramos no Sargento Pimenta, bloco que tocava músicas dos Beatles em ritmo de Carnaval. Strawberry Fields Forever!




E como diria a canção do Chico...

"Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você.
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr,
Deixa o dia raiar que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!