segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um exemplo pro resto do País

No meu penúltimo dia de viagem pelo Nordeste, uma forte chuva nos surpreendeu fazendo com que uma visita à praia de Itamaracá fosse substituída por uma ida ao único local do Recife em que qs ruas alagadas do Recife não atrapalhariam: um shopping.
Para compensar, à tarde, já com as ruas secas, seguimos rumo à oficina do artista plástico Francisco Brennand.



Trata-se de uma enorme área verde próxima ao campos da UFPE e reserva uma gratíssima surpresa aos visitantes.


Em novembro de 1971, o artista começou a reconstruir a velha Cerâmica São João da Várzea, fundada pelo seu pai em 1917.O conjunto, que estava em ruínas, transformou-se em um enorme museu que reúne as peças do artista plástico pernambucano, boa parte delas ao ar livre.


São formas humanas, animais, figuras que nascem da imaginação.


Em vários pontos também pode-se encontrar painéis de cerâmica com citações dos mais variados autores.
  



No local são produzidas cerâmicas decorativas que ajudam a manter o artista e seu museu.
Você pode até não apreciar o trabalho de Brenand, mas a visita, em si, é imperdível. Um lugar com uma aura de magia.


Um exemplo em um país que não sabe valorizar seus grandes artistas.
Viva a arte! Viva Brennand, um pernambucano Leão do Norte.

Beleza demais, cuidados de menos

Depois de merecidas férias (que incluíram este blog) estou de volta, esperando contar com a participação de vocês, afinal este é um dos objetivos deste espaço: refletirmos e trocarmos ideias.
Começo, no entanto, o ano de 2011 com uma postagem nada animadora.
Durante o mês de janeiro, passei duas semanas no Nordeste. Desta vez fomos para Pernambuco e Alagoas. Dias de puro ócio a beira-mar.



O que pude constatar, porém, é que o descaso do ser humano está fazendo com que aquele litoral paradisíaco sofra cada vez mais com a poluição.
Gosto muito de caminhar e o que vi, mesmo em áreas pouco habitadas, foi assustador. A quantidade de lixo plástico que as marés devolvem para nós é enorme.
O primeiro local onde constatei isso foi na praia do Francês, a 20km de Maceió. O lixo urbano levado para as lagoas ou para o mar acaba por transformar quilômetros de areia em lixeira. Um problema que poderia ser minimizado com um pouco de boa vontade das autoridades e até mesmo das populações locais. Mutirões de limpeza com alguma frequência seriam muito bem vindos.
Era o que acontecia no Pontal do Peba, última praia ao sul de Alagoas, que termina junto à foz do Rio São Francisco. Uma grande faixa de areia, de aproximadamente 30 km de extensão, entre dunas e o mar.





Alunos de escolas eram incentivados a participar e recolher o lixo, mas o apoio oficial minguou e o projeto caiu no esquecimento.
A praia de Pontal do Peba, que pertence ao município de Piaçabuçu, fica bem afastada de grandes cidades, mas, nem por isso, está imune à poluição que chega pelo mar. Em um passeio de jipe pude constatar um quadro bem semelhante ao visto na praia do Francês. E olha que a região é uma APA (Área de Proteção Ambiental).
Nosso guia faz parte do conselho que cuida da região, mas, segundo ele próprio, o conselho, que já foi deliberativo, passou a consultivo e hoje não passa de decorativo. Existe um posto do IBAMA na localidade, mas a pesca irregular não é combatida e o máximo que se faz é um trabalho de levantamento das tartarugas que aparecem mortas na areia.
Quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que vivem no litoral brasileiro desovam nessa praia, mas o que mais vimos no nosso trajeto foram cascos de tartarugas mortas, cercados de urubus ( pelo menos umas 10).



A causa da morte está no lixo espalhado no mar, ingerido pelos animais, ou na pesca predatória de camarões feita com uma técnica conhecida como saco duplo, que acaba aprisionando as tartarugas. Elas não suportam ficar tanto tempo embaixo d´água e morrem afogadas.



Ou seja, o que era para ser um belo passeio a um dos pontos mais bonitos de nosso litoral, ganhou este tom de denúncia.




Será que as prefeituras desses municípos não vêem o patrimônio que têm nas mãos e que o turismo pode ser sua maior fonte de renda? Não o turismo farofeiro (ainda havia pilhas de lixo deixados pelas centenas de ônibus que estiveram por lá no reveillon), mas um turismo ecológico, sustentável, que traga recursos para a região e que sirva de opção para pessoas como eu que desejam tirar alguns dias para relaxar e desfrutar desses paraísos naturais que temos de sobra por aqui.