sábado, 28 de agosto de 2010

A estatística e a vida real

Confesso!
Matemática nunca foi o meu forte.
Talvez quem sabe, agora, estudando junto com minha filha, e mais evoluído mentalmente e espiritualmente, possa ter uma segunda chances de não me deixar ludibriar por tantos números, símbolos, ângulos e suas terríveis conjunções.
Mas sou jornalista e, mesmo tendo feito Humanas para exorcizar este meu passado sombrio, acabo, vez por outra, tendo que enfrentá-los.
Na maioria das vezes, uma regrinha de 3 me salva, mas todo cuidado é pouco. Aliás, vivo alertando meus alunos quanto a isso. Se gistassem de números teriam ido ganhar dinheiro como economistas ou engenheiros e não teriam acabado no Jornalismo.
O fato, no entanto, é que por terem este temor pelos números, os jornalistas gostam tanto de colocar estatísticas em suas matérias. É como se aquelas tabelas mastigadas, com valores compreensíveis até para quem sofria engulhos nos dias de provas de matemática, os tornassem mais capazes, mais sábios. Por essas e por outras é que as pesquisas e estatísticas viraram um prato cheio para a mídia.
Escrevo tudo isso porque noutro dia recebi um e-mail muito legal. Era do tipo spam e só abri porque tinha sido enviado por minha mulher. Nele, alguns gráficos expunham as estatíticas da vida real. Como me diverti, compartilho com vocês.

Genial, não acharam?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Candidato perfeito

Se o cara que conseguiu esta façanha ainda pudesse se candidatar ao governo de São Paulo, ganhava fácil.

Da série: "Perco leitores, mas não perco a piada"



Os jornalistas de São Paulo devem estar se roendo de inveja. Aqueles recordes de engarrafamentos que eles proclamavam (quase que com orgulho), viraram fichinha...
Rssssssssssss

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Reflexões digitais


Esta postagem não deveria ser sobre mais um colunista de jornal, para não parecer uma falta de originalidade deste que vos escreve, mas depois de ler o texto de Arnaldo Jabor, nesta terça-feira, 24 agosto, não resisti.

Arnaldo Jabor não é, nem se pretende ser, uma unanimidade. Seu sarcasmo, sua aspereza, seu fel, são, muitas vezes, difíceis de digerir. Não diria que sou um fã, mas acho que de vez em quando ele acerta na mosca, com pontaria de um Robin Hood.

A coluna, que começa com a perguntan "Quantos gigabytes tem minha alma?", questiona de uma forma isenta nosso envolvimento cada vez mais intenso com o mundo digital. Não é à toa que estou aqui, neste blog, passando minhas elocubrações a vocês.

Digo que a análise é isenta, ou quase, porque o prórpio Jabor confessa que sempre se manteve, por questões de foro íntimo, longe da Grande Rede. Um afastamento que agora chega ao fim, com a entrada dele no Twitter.

O curioso é que já existe um Jabor no Twitter, com mais de 120 mil seguidores, que pensam que desfrutam das mensagens do original diretor e jornalista. O "realjabor", no entanto, só agora encontrou o passarinho azul.

Mas a coluna de Arnaldo jabor vai muito além deste comunicado social.

Com um notável poder de percepção, ou até mesmo por estar mais distante desta febre internética, levanta alguns pontos muito interessantes que nos passam despercebidos ou, então, que preferimos não perceber.

Um deles é a questão da amizade. A Internet aproxima, ou distancia as pessoas? Tudo bem que encontramos pessoas na rede que há muito não tínhamos contato. Mas será que encontrá-las no mundo virtual fez alguma diferença? Ou será que eles passaram a ser apenas mais alguns retratos estampados na parede de nossos Orkuts ou Facebooks? E o pior? Será que aqueles amigos mais próximos não acabam se afastando pelo simples fato de que vez por outra trocamos mensagens ou e-mails, dando-nos a falsa impressão de que continuamos próximos?
Dá pra pensar um bocado, não acham?

Antigamente mandávamos cartas. Eu fui correspondente de dezenas de pessoas, em vários cantos do país. Escrevia-se algo, ia-se ao Correio e só dias depois a resposta chegava. Será que isso é tão ruim? Mandar uma carta, ao invés de trocar idéias com alguém no MSN, envolvia muito mais coisa. Ao escrever pensávamos como a pessoa do outro lado iria reagir, de que forma poderíamos nos exprimir para evitar más interpretações. E havia, ainda, a expectativa da resposta, a alegria da chegada do envelope. Algo muito diferente de hoje. Uma conversa de meia-hora pelo Messenger deve ser equivalente a alguns meses de correpondência por cartas.

Não estou aqui demonizando a Internet. Longe disso... Imaginem quantas cartas teria que mandar para fazer com que vocês tivessem acesso a este texto. Sou adepto dessa trapizonga e acho que ela nos traz benefícios incríveis. Mas há que parar um pouquinho para pensar nos nossos ciber-atos.

O trem-bala da Internet passa e tal como pulávamos nos estribos dos bondes de Santa Tereza (falo deles porque nos outros não cheguei a andar), embarcamos e somos levados no seu ritmo alucinante. Expostos a uma gama absurda de informações, as quais, na maioria das vezes, não nos acrescentarão nada. Mas também com acesso a um mundo de conteúdos que jamais sonharíamos poder acessar.

Só acho que não podemos viver acorrentados nisso aqui. O mundo real também pode ser sedutor. Os encontros reais, os amores reais. Tácteis...

É bom dar uma parada para pensar. Saltar do Chapéu Mexicano (lembram disso) e vê-lo rodar. Ele pode ser uma ótima diversão, mas é importante saber que ele continua a rodar sem você e que você pode viver, também, sem ele.


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Vale tudo na Internet

Uma das coisas que mais gosto na coluna de Arthur Xexéo, no O Globo, é quando ele fala dos releases que chegam em busca de divulgação. Cada um mais estapafúrdio que o outro.
Depois que inventaram o release todo mundo acha que pode "emplacar" uma notícia da mídia. É uma avalanche diária nas redações.
E o pior é que alguns deles, por mais non sense que sejam, acabam virando notícia... (NOTÍCIA????????)
Vejam o caso que se segue.

Na quarta-feira, dia 18 de agosto, Xexéo escreveu o seguinte.


Pois bem... Não é que na tarde daquele mesmo dia, vi esta notícia estampada no portal Globo.com. E o mais incrível é que o "notícia" era de que o bumbum da popozuda também virara matéria de televisão (Isso, é claro, se púdermo chamar a RedeTV de emissora de televisão).

Não satisfeitos, os editores do site EGO ainda propuseram um desafio palpitante ao leitor. Descobrir quanto de silicone havia no corpo de algumas "celebridades".

Eu sei que o mercado de trabalho está complicado. Mas imaginem só o seu chefe virando pra você e dizendo: "Fulano, a popozuda está de bunda nova. Escreve uma materinha aí...".
É de lascar!

A desculpa de que na internet tudo cabe, que sempre vai ter alguém interessado naquilo, é esfarrapada. A oferta de lixo informativo é muito grande, porque chega em fartura às redações dos sites que, por sua vez, se sentam na obrigação de postar novidades a todo instante.
Fornecer informação de qualidade custa caro. É preciso ter mais profissonais, pagar bem, dar tempo para a apuração de fatos... Coisas impensáveis na internet brasileira. Pelo menos nos grandes portais.
Uma pena...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Carisma para quem precisa...

Não sou, nem nunca fui um militante político ardoroso, mas sempre busquei participar da vida política do País. Nunca votei em branco ou anulei meu voto. Acho que se nossos parlamentares e governantes não nos agradam, a culpa é nossa também. Nós os colocamos lá e na imensa maioria das vezes não sabemos retirá-los quando fazem o que não devem. Deixar de votar, portanto, é lavar as mãos com água suja. É se eximir de responsabilidade. É empurrar o Brasil com a barriga, pra depois ficar reclamando da situação.
Nasci praticamente na ditadura, porém minha adolescência se deu na abertura. Período em que comecei a sonhar com um país melhor. Nas eleições, mesmo antes de podermos escolher de novo um presidente, ia para as ruas com santinhos de candidatos em que acreditava e fazia boca de urna (aliás acho um erro proibirem). Uma das chapas mais legais que apoiei foi a de Marcelo Cerqueira -PSB, tendo João Saldanha (Grande João!) - PCB como vice, para a prefeitura do Rio, em meados dos anos 80.

Cheguei mesmo a me filiar ao PSB para dar força a um partido com cuja ideologia me identificava (Só depois fui descobrir que, por aqui, partidos e ideologias são antônimos).

Fui para as ruas nas Diretas Já. Talvez um dos momentos mais bonitos da história do nosso país. Participar do comício da Candelária, com mais de um milhão de pessoas em volta de mim foi uma sensação linda, que me arrepia até hoje e que jamais vou me esquecer.



No dia da eleição de Tancredo, da janela do escritório em que trabalhava, me lembro de ouvir com orgulho quase cívico a música que vinha de um carro de som parado na Cinelândia.
"Apesar de você, amanhã há de ser outro. E eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia..."
Eu acreditava piamente nos versos de Chico Buarque. Acreditava que o Brasil seria um país melhor e que nosso destino não era aquele, que nosso povo merecia muito mais.

Lá se vão 25 anos de democracia e é incontestável que o Brasil melhorou, e muito. Mas também é óbvio que poderíamos estar ainda melhor se houvesse mais justiça social, se a corrupção não fosse pandêmica, se as pessoas se importassem mais.
Passaram o "cruzado" Sarney (argh!), o corrupto Collor (vade retro), o topetudo Itamar, o erudito FHC e o popular Lula. Agora chegou a hora de um novo presidente. O problema é que os três principais candidatos, na minha opinião, não têm carisma nenhum.
Candidata da situação, Dilma chega à eleição sem sabermos quem exatamente ela é. Só sabemos que ela combateu a ditadura, foi presa e torturada. Como ministra pode ter sido a melhor; não tenho dados para julgar. Mas sua transformação visual transcende questões relacionadas à vaidade feminina e mais me parecem uma moldagem para uma candidata visualmente aceitável.

Seu principal opositor é José Serra, ou simplesmente o Zé, como seu jingle de campanha quer que ele venha a ser conhecido. Ministro da Saúde, tal como Dilma, teve todos os incentivos para suceder FHC. Seu ministério era privilegiado pelo governo e o ministro estava sempre na mídia com novos projetos (alguns deles muito bons, como a quebra das patentes dos medicamentos que fazem parte do coquetel para o combate da AIDS). Só que Serra deu azar. Lula era pule de dez naquela eleição.

E ainda temos Marina Silva, com uma linda história de vida, mas sem qualquer força partidária.

O debate da Band e as entrevistas dos três na bancada do JN mostraram o quanto lhes falta de empatia com a população (algo que sobra em Lula). Acho uma pena porque isso enfraquece a campanha.

Não basta aparecer bem na propaganda eleitoral. No horário eleitorral todos parecem ótimos. Os marketeiros douram a pílula, mas não basta só olhá-la, pois teremos que engolí-la.

Não pretendo, aqui, fazer campanha para ninguém, nem pedir votos para quem quer que seja. São apenas reflexões para expor meu desânimo com as opções que temos.
Só espero que quem for eleito consiga fazer com que , daqui a quatro anos, este país esteja um pouco melhor do que está agora.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Aberta a temporada da estupidez

Podem me chamar de chato, de careta ou de qualquer adjetivo menos publicável. Mas sou radicalmente contra aos trotes que ocorrem a cada começo de semestre nas universidades.

Noutro dia, estava eu passando pela SAARA, quando me deparei com duas meninas totalmente pintadas e descalças com um copinho na mão pedindo moedas para financiar a cerveja dos veteranos.

Não consigo ver a menor graça neste tipo de humilhação, ainda que consensual.

Professor da Uerj, a cada semestre me espanto com a imbecilidade que toma conta dos alunos que recebem os calouros. As "brincadeiras" são bizarras e abusam de qualquer parâmetro do bom senso.

De acordo com um ex-aluno meu, o raciocínio é o seguinte: a pessoa sofre em um semestre, mas sacaneia as outras nos sete semestres seguintes. Edificante, não acham?
Uma outra aluna defende o trote dizendo que se trata de um rito de passagem e que as pessoas participam porque querem. Só que a gente sabe que não é assim que funciona. Primeiro há uma enorme pressão e depois, para o aluno que está chegando, aquele é um mundo novo, ao qual ele precisa se integrar, ainda que o preço seja este.

Concordo que entrar numa universidade é importante e pode haver um rito de passagem. Em São Paulo e em outros estados, por exemplo, há a tradição dos "bixos" rasparem a cabeça, mas é algo que se faz sem a pressão de um grupo.

Existem trotes muito mais inteligentes. E em um país com tanta desigualdade social, os universitários deveriam estar muito mais voltados para boas ações relacionadas à área em que pretendem se formar, do que se dedicarem a jogar farinha e ovos nos outros.
E olha que nem estamos falando dos trotes mais violentos que, vira e mexe, fazem suas vítimas por aí.



A Uerj até tem um programa chamado Calouro Humano, de boas vindas aos novos alunos, mas isso de nada, ou muito pouco, adianta se a univiversidade fecha os olhos para os trotes que continuam humilhando as pessoas sob o pretexto de uma integração discente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quem não chora, não mama.

A velha marchinha que fala do Cordão da Bola Preta está mais atual do que nunca quando se fala das relações das empresas com os consumidores no Brasil.
Todo valor é negociável, desde que você reclame do preço, é claro.


Tente comprar uma televisão e veja como o preço que está estampado no cartaz pode cair mediante qualquer mínima argumentação. E não precisa nem chamar o Ricardo... Qualquer loja de eletrodomésticos já tem uma grande margem de negociação embutida no preço.
Até na compra de um automóvel isso acontece. E como o valor é alto, os descontos também acabam sendo generosos. Dá pra negociar preço, acessórios, emplacamento e até IPVA.

Vocês vão dizer que isso é natural num esquema capitalista e que a lei de mercado força os descontos, mas não é bem assim...
Estamos anos-luz de uma Lei do Consumidor decente. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem sete dias para trocar o produto ou receber seu dinheiro de volta sem precisar dar qualquer explicação. Ou seja, se você compra uma TV e 3 dias depois passa por uma loja e vê o mesmo aparelho ou um ainda melhor por um preço menor do que o que você pagou, não precisa verter lágrimas de arrependimento. É só pegar sua TV, levar na loja e pegar a grana de volta. Isso sim estimula a concorrência.
E esta história de descontos não vale só para bens de consumo.
Resolvi reclamar do Globo e da NET que estava pagando caro demais por minhas assinaturas.
Sob o risco de cancelamento, o Globo me deu 30% de desconto em 3 meses e 15% nos 3 meses seguintes. Cerca de R$85,00 reais de economia.
Na NET foi ainda melhor. Consegui uma redução de R$130,00 nos 3 primeiros meses e de R$ 50,00 daí pra frente. Consegui baixar a franquia do meu NETFone, que praticamente não uso e minha conexão passou de 3 para 10 megas.
Hoje só paga anuidade de cartão de crédito quem quer. Um telefonema e as taxas de manutenção desaparecem. Experimente conversar com seu gerente de banco e veja se as taxas da sua conta também não serão reduzidas.
É tudo assim mesmo. Foi-se o tempo em que só se barganhava preço nas barracas de feira-livre.
Graças a Deus aprendi a pechinchar com a Dona Irene, minha mãe. Não tenho o menor pudor em relação a isso. Sempre peço desconto, em qualquer coisa que compro. E o melhor é que, na maioria das vezes, ganho.
Que não pede, não recebe. E depois não adianta reclamar, porque "lugar quente é na cama, ou então no Bola Preta".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Respeitável público


Em meio à mesmice da MPB, é bom quando a gente ouve algo de novo, mesmo que nem tudo que ouça agrade em cheio.

Essa foi a minha sensação ao ver e ouvir, pela primeira vez o grupo paulista O Teatro Mágico, que anuncia seu som diretamente do mundo mágico de Os... Osasco.

Tomei conhecimento do grupo através de Lucas Vaz, diretor do programa Andante, da TV Universitária. Ele, que vive garimpando novos nomes da nossa música entrevistou a trupe que, até então para mim, era totalmente desconhecida.

Pesquisando na internet, contudo, descobri que graças à própria web, o grupo tem um público fidelíssimo, como é possível constatar nesta matéria do Jornal Hoje.

Baixei as músicas deles e gostei. Pelo menos de uma boa parte. O som tem um quê de rock progressivo. Em alguns momentos me lembrou o velho Bacamarte.


Da mesma forma que misturam atividades circenses com os músicos no palco, as trilhas dos cds alternam música e poesia. Textos inteligentes. Língua portuguesa bem lapidada como no texto "Amém", que reproduzo abaixo.

Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas


Como gosto de que cuida bem das palavras, recomendo...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que os olhos não vêem...

Quando a gente trabalha com jornalismo, se atém muito aos números, ao quadro geral do fato e pode acabar perdendo o foco no lado real do acontecimento; a parte viva da notícia.
Noutro dia recebi um e-mail de minha amiga Cida, do interior de São Paulo, com tristes imagens do derramamento de óleo no Golfo do México. E foi então que percebi quão poucos detalhes desta tragédia ambiental eu tinha visto.

O noticiário, pelo menos aqui no Brasil, falava da grandiosidade do acidente e das prováveis consequências, mas as imagens aéreas, ou subersas não nos deixavam visualizar o efeito do desastre na flora e na fauna da região. Um mal de ficarmos restritos a imagens de agências de notícias.

A TV Globo enviou o correspondente Rodrigo Alvarez para a região, mas o material coletado pela equipe não diferiu muito do que já se via. Abaixo segue o link da matéria exibida pelo Fantástico.


Na verdade as notícias internacionais nos chegam muito reduzidas. Por conta deste acidente, por exemplo, é que fiquei sabendo de tantos outros tão graves quanto, que já ocorreram e que não tiveram o mesmo impacto na mídia daqui.

Em uma de minhas aulas de telejornalismo costumo citar o acidente com o navio Exxon Valdez, no Alasca, que pensava ser um dos mais graves ocorridos até hoje.




Mas, de acordo com o infográfico acima, já ocorreram pelo menos dez acidentes muito piores. Aliás, dez não... onze, porque este do Golfo do México pode ser até cem vezes pior do que o do petroleiro da Exxon. O mais grave deles, e nem isso eu sabia, foi provocado pelos iraquianos, que sabotaram oleodutos do Kwait durante a Guerra do Golfo. Estávamos tão preocupados com a paz na região e com as imagens da gueerra de vídeogame divulgadas pela CNN, que a questão ambiental, mesmo gravíssima, ficou em segundo plano.
Ainda não há um número final e talvez nem haja uma estimativa aproximada da quantidade de petróleo que vazou no Golfo do México. Assim como não haverá uma noção exata sobre o impacto ambiental do acidente.


É possível contabilizar o número de aves e de outros animais que morreram contaminados pelo óleo. É possível saber quantos quilômetros de litoral a mancha atingiu. Mas é impossível saber o quanto de óleo ficou depositado no fundo do mar, bem como é impossível precisar por quantos anos ainda serão sentidos os efeitos deste vazamento no ecossistema daquela região.



Estas fotos, espalhadas pelo post, servem para nos alertar: catástrofes como essas são muito mais do que números e é dever do jornalismo mostrar sua verdadeira face.